quarta-feira, 23 de abril de 2008

All Your music are belong to us! A tale of DRM, by Microsoft.

Todos nós gostamos de música. Alguns de nós possuem bom gosto - outros nem tanto. Picuinhas à parte, nós temos nossas coleções de CDs, fitas K7 (alguém ainda tem isso?), LPs (Eu tenho! Eu tenho!)... e gostamos de criar coletâneas.

Quem nunca gravou as músicas preferidas para ouvir no carro? Quem nunca regravou uma coletânea - por ficar cansado de umas faixas?

É muito simples, não é? Afinal nós compramos a mídia - seja ela CD, fita, MD - e podemos reproduzi-la quantas vezes quisermos, no aparelho que quisermos e para os fins que desejarmos.

Não, não estou incentivando a pirataria. Mas sempre tivemos o direito de criar coletâneas, comprar um CD Player mais novo, mudar o nosso computador... e nossas queridas musiquinhas continuam tocando. Certo? Em termos.

A indústria de entretenimento gosta muito de uma coisa chamada DRM (Digital Rights Management). O objetivo nominal é proteger os direitos autorais de quem criou a obra. Mas o resultado final é que você, consumidor, não é mais proprietário nem mesmo da mídia pela qual você pagou. Que você não tenha direitos plenos sobre a obra, tudo bem. Que precise pagar mais para reproduzi-la em locais públicos - vá lá. Mas que não possa mais decidir ONDE, QUANDO e QUANTAS VEZES vai reproduzir o conteúdo? Você pagou por este direito! E é o que o DRM faz.

Exagerado? Comunista comedor de criancinhas? Mais um safado que só deseja música de graça? Nops. Antes de mais nada, vejam esta notícia. Interessante, não?

Para os que não desejam ler a coisa, estão com preguiça ou sem tempo: A Microsoft vende músicas (bom, vendeu) através de um serviço do MSN - o MSN Music Store. Lindo e conveniente, não? Basta abrir seu MSN que ele te leva até o site, onde podemos comprar diversas músicas. Sem ficar procurando nos torrents, sem baixar arquivos ruins e/ou vírus. Com aquele sentimento agradável de "não estou roubando o trabalho de ninguém". Mas o serviço está sendo interrompido. Na verdade, em 31 de agosto de 2008 os servidores de autenticação serão desligados.

Peraí. Servidor de autenticação? Música? Tem alguma coisa errada. Eu não quero fazer porcaria de login nenhum - eu quero é tocar a minha música! Eu PAGUEI por ela!

Começa a entender.

A música pela qual você pagou (pagou pelos direitos de reprodução na verdade, mas...) é entregue criptografada (por favor não usem "encriptada" que isso é coisa de defunto no cemitério) para você. Seu computador não consegue descriptografar o arquivo sem a chave. E esta é fornecida a você pela Microsoft, através dos servidores de autenticação. Na verdade fornecida a seu software.

E estes mesmos servidores serão desligados 31/08/2008. Você ainda será capaz de reproduzir as músicas em qualquer micro que tenha sido autorizado por você - afinal basta uma comunicação com ele para que seu programa tenha a chave para tocar a música. Mas esta chave é apagada quando você reformata a máquina. Ela se torna inválida se você fizer um upgrade de Windows XP para Windows Vista. Que diabos, atualize de Windows XP Home para Windows XP Pro e ela deve pifar também. Mude de computador e você não terá mais chave para tocar o conteúdo que você comprou.

Exagero meu? Alarmismo? De modo nenhum. A idéia básica do DRM é exatamente esta: controlar aonde e como o consumidor pode reproduzir o conteúdo. Sim, este sistema pode ser quebrado. Na verdade ele costuma ser quebrado em pouco tempo. Mas... nos EUA (por exemplo) simplesmente TENTAR isso é ilegal. Aqui no Brasil engenharia reversa de software é legal - você se habilita? Horas e horas de um trabalho altamente qualificado, extremamente difícil e com conhecimento profundo de criptografia, para que possa continuar a tocar as músicas PELAS QUAIS JÁ PAGOU? Não? Nem eu.

Como resolver este problema? Vote com sua carteira. Bata no único lugar em que dói nas empresas: no bolso. Não compre material com DRM. Diga para as empresas isso. Mostre a eles que esta atitude não te agrada. Duas pessoas reclamando não incomodam a Sony. 500 pessoas reclamando são fichinha. 10000 pessoas ligando e entupindo o serviço de atendimento ao consumidor começarão a chamar a atenção. Principalmente se isso for acompanhado a um declínio nas vendas de material protegido por DRM.

Sim, é possível que isso diminua seu acesso a algumas coisas. Mas de que vale comprar algo que, no final das contas, não possuímos?

Um último lembrete: Não pense que é só a Microsoft que faz isso. Nada poderia estar mais longe da verdade. Se você se depara com um arquivo que precisa ser "autorizado" para ser reproduzido em outra máquina, se você precisa de um único e determinado software para reproduzir aquele arquivo, se ele parece ter um formato padrão mas não reproduz em diversos lugares livremente... você acabou de tropeçar em algo com DRM. Fuja do produto como o Diabo da Cruz.

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